Olá!
Levar uma criança de 6 anos a um psiquiatra é uma decisão difícil de tomar, garanto-vos. Mas depois de ouvir um filho, tão novinho, dizer "Eu não sei bem o que é, mas alguma coisa não está bem..." não pensamos duas vezes. Nem sequer pensamos, agimos.
Pois é... entre a consulta do psicólogo e a da psiquiatra, muita água passou por baixo da ponte. O miúdo começou a ficar gradualmente triste, deprimido, só chorava e dizia que não queria ir para a escola porque eram todos maus para ele. Claro que fui falar com a professora e perguntei quem andava a dizer que o menino tinha o cérebro nos pés. Resposta: "Eu não!!!". Pronto, fiquei logo a saber quem foi. Só me apetecia esborrachar a tromba da mulher, nem sei como segurei o meu "temperamento do sul" (como diz o meu chefe). O que eu sei dizer é que o meu pimpolho nunca mais foi o mesmo....
Entretanto, e porque a madame dizia que o meu filho nem sabia falar, começou a primeira terapia: terapia da fala. Só porque ele era ligeiramente sopinha de massa! Andamos um ano a treinar os SS. Que seca!!! Mas também tem que ser dito que nunca paguei um tostão pelas terapias. Aqui é tudo gratuito para as crianças.
O primeiro contacto com a psiquiatra foi uma catástrofe. Ela é muito simpática e paciente mas o miúdo é que não gosta de falar sobre ele. Como ele diz: "Ninguém tem de conhecer o meu cérebro". Para o fazer falar é que foram elas. E o meu alemão também não é grande coisa. Afinal só estava na Alemanha há dois anos. Quase dei um nó na cabeça. Aprendi à força.
Mais uns testes para aqui, mais uns para acolá e lá veio o tema Medicação. TDAH e não só. Também é disléxico. Perguntei logo como é que ela sabia se ele era disléxico ou não. Ainda andava na primeira classe e ainda não sabia as letras todas, é lógico que trocava tudo. Mais uma terapia? Nem pensar! Ficamos só com a terapia da fala, por enquanto....
Por causa do assunto medicação, fomos a outros médicos. Uma ou duas opiniões não eram suficientes. Para falar verdade, por mais opiniões que se reúnam, nunca são suficientes....
Em casa, eu e o meu marido fartamo-nos de falar no assunto e, com os corações apertadinhos, decidimos avançar para um tratamento medicamentoso. Comunicamos à psiquiatra e levamos o segundo sopapo.... Solução para o problema: Ritalina! Drogas? A uma criança de 6 anos? Nem pensar! Nunca nos tinha passado pelos miolos que a medicação passava por uma droga.
Claro que falamos com os nossos pais, irmãos, amigos, colegas, conhecidos (tudo o que vinha à rede era peixe...) para saber a opinião de cada um e todos nos diziam o mesmo: "Nem penses numa coisa dessas!" Foi então que o meu pai se lembrou que tinha visto um livro sobre o assunto. "Mal-entendidos" do Dr. Nuno Lobo Antunes (Editora: Verso da kapa). Comprou e enviou-nos. Nem imaginam como é bom ler sobre o problema do meu filho em português. O livro está excelente; explicado de forma mais simples deve ser impossível.
Mas a outra face da doença (sim, porque é uma doença) começou a vir ao de cima. O stress, o mau humor, as explosões comportamentais, começaram a aumentar exponencialmente. Começamos a nossa escalada em direção à loucura....
Mas não se pode esquecer que o menino continuava a ser massacrado na escola.... E dói saber que ele sofre e nós não podemos fazer nada para o proteger.
Antes de me despedir por hoje, deixo aqui uma fotografia que tirei um dia destes depois de uma valente chuvada. Estava a caminho de casa, no carro (o meu mais que tudo é que ía a conduzir, é óbvio). Já há muito que não via um arco-íris tão bonito.
Como vêm, nem tudo é mau nesta vida. Há coisas maravilhosas aí fora mas, infelizmente, estamos tao afogados nos nossos problemas que nem damos conta de tudo aquilo que nos rodeia. E digam lá que esta paisagem não é linda!
Com uma fotografia destas, o post até fica mais bonito!
Fiquem bem e até breve!
CC
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