Avançar para o conteúdo principal

TDAH: A Nossa Luta - Capítulo 7

Olá!

Quarto ano. Nem acredito que, com todos os baixos que tem havido (sim, porque altos são tão poucos que nem entram na estatística cá de casa...), o meu rapazinho começou o quarto ano.

O ano lectivo ainda mal tinha começado, quando recebemos um telefonema da psiquiatra a perguntar se estaríamos interessados numa nova terapia: Bio-Feedback Training. Mas que nome pomposo, não é verdade? Bio quê!? Agora as terapias também são Bio!? Fomos à psiquiatria ver o que era esta coisa que dizem que tem tido muito bons resultados com crianças com défice de atenção. Faria parte de um estudo/projecto (ou seja, meu filho = cobaia), mas começava já, senão ficava em lista de espera.

Mas, afinal, o que é isto?
Para começar, colaram uns poucos de eléctrodos na cabeça e nos ombros do menino. Sentaram-no em frente de um monitor e puseram uma imagem no ecrã. A imagem tinha uma linha horizontal a dividir o monitor ao meio. No centro havia um objecto (ele podia escolher entre um peixinho, um sol, uma lua...) e num canto ( não me lembro mais em que canto era) uma seta. Esta seta ora apontava para cima, ora para baixo. A finalidade era o meu filho concentrar-se e, através dos eléctrodos ( e dos estímulos eléctricos do seu cérebro) fazer com que o peixinho ( ou a lua, ou o sol...) passassem para cima da linha horizontal quando a seta apontava para cima e que esse mesmo peixinho andasse abaixo da linha horizontal quando a seta apontasse para baixo. Era então feito um registo automático da concordância entre o sentido da seta e a posição do peixinho, relativamente à linha horizontal. No final de cada sessão, eles analisavam os resultados e ficávamos a saber qual a percentagem de concentração. Se o teste fosse muito mau, voltava ao início.... Já estão a ver o filme, com o meu filhote, voltávamos muitas vezes ao início. O que deveria demorar 1 hora, demorava a maior parte das vezes 2 horas.... O miúdo a desesperar lá dentro e eu na sala de espera.... E, para que o meu desespero ainda fosse um bocadinho maior, 2 vezes por semana!!!

Ao fim de 2 semanas, o meu filho já nem queria ouvir falar nesta coisa. Chorava quando acordava de manhã e se lembrava que era dia de ir para lá. Um stress....

Rapidamente, o menino aprendeu que se movesse um ombro ou a cabeça para um determinado lado, o peixinho deslocava-se num sentido e, quando se movesse para o outro lado, o peixinho deslocava-se no outro sentido (e, na escola, ainda diziam que ele era burro). Nem sequer precisava de pensar! Fino!

Quando chegou à sessão 14, eu falei com as terapeutas e disse que íamos desistir. Eu já não aguentava mais. Para o levar para lá era um problema e, depois de lá estar, havia um problema ainda maior: fazê-lo entrar na sala. Para cativar a criança, elas resolveram dar-lhe um vale de 10€ para o Toys'r'us. E se ele fizesse as outras 14 sessões, receberia outro no final. Nem imaginam a resposta do miúdo!

"10€??? Só 10€??? A minha mãe e eu discutimos sempre, ela zanga-se comigo, eu choro, fico triste, às vezes sou castigado porque fujo daqui e vocês só me dão 10€??? Nem que fossem 100€!!!"

Eu fiquei tão envergonhada.... Mas, ao mesmo tempo, não consegui conter-me e escangalhei-me a rir. A sério. Não aguentei e desfiz-me com o riso. As terapeutas ficaram sem jeito e acabaram por concordar. Não podíamos continuar a tentar resolver um problema e a criar outro, ao mesmo tempo. Bom, mais uma terapia que ficou pelo caminho.

Mas o sossego durou pouco tempo. A terapia para a dislexia começou. Azar! Além de ser uma terapia, que por si só já é um grande problema, o meu filho tinha de ler e escrever. Um autêntico pesadelo! E, como se não bastasse, ainda tinha trabalhos para casa: ler e escrever. Estão a imaginar a coisa? Não, ninguém consegue imaginar. Vocês podem pensar que podem imaginar, mas eu garanto-vos que não conseguem. Como era o estado alemão a pagar a terapia (40 sessões) não havia jeito de desistir, porque, se um dia precisássemos de ajuda, eles nunca mais estariam do nosso lado.

Aguentar, era a palavra de ordem. Eu é que já estava a dar as últimas. Tantos problemas, tanto stress e sem tempo nenhum para nada. Nem para mim. Às vezes, só me apetecia fechar os olhos e acordar quando tudo estivesse resolvido.

Mas, onde há espinhos também há rosas, não é verdade? 

Aqui fica uma fotografia de um sítio maravilhoso: Hexentanzplatz. Fica na montanha de Harz. Nós adoramos lá ir, quer seja verão ou inverno. Com sol ou com neve, tem umas vistas lindíssimas.

Vista de Hexentanzplatz (na montanha de Harz)

















Fiquem bem e até breve!
CC






Comentários

Mensagens populares

Biscoitos de canela, mel e vinho do Porto

Olá! Hoje experimentei uma nova receita. Nunca tinha feito biscoitos, mas desta vez enchi-me de coragem e lá pus a mão na massa. Quem faz óptimos biscoitos é a minha sogra e por isso também nunca senti a necessidade de os fazer. A minha sogra fá-los bem e muitas vezes.  A receita original é lógico que foi a minha sogra que me deu, mas eu adaptei aos meus gostos e aos ingredientes que cá tinha. Que tal? Ingredientes: 175 g açúcar  150 g manteiga derretida 3 ovos 3 colheres sopa de mel 2 colheres chá de canela 1 cálice de vinho do Porto 3 colheres de chá de fermento em pó 500 g farinha de trigo Num recipiente juntar o açúcar  e a manteiga e bater muito bem até obter um creme. Depois juntar 3 gemas e 2 claras e continuara bater. Adicionar o vinho do Porto e o mel e bater muito bem. À parte, peneirar a farinha com a canela e o fermento. Adicionar os ingredientes secos à outra massa e envolver muito bem até ficar uma massa h...

Bacalhau com legumes na Lékué

Olá! Hoje é domingo e o tempo está uma porcaria. Esta noite choveu e trovejou bastante e o dia acordou chocho. Para o almoço pensei numa refeição saudável e com um sabor a Portugal: bacalhau com brócolos e couve-flor.  Na cidade onde moro só encontro bacalhau fresco ( que não é fresco mas sim congelado!) e o que tenho cá em casa trouxe-o de Portugal. Usei uma "panela" da Lékué para cozinhar os alimentos a vapor no microondas (chama-se Pot Ogya). Desta vez não pesei os ingredientes, mas calculei a quantidade suficiente para duas pessoas...o meu filho não quer nem ouvir falar em bacalhau! Não é o meu prato favorito, mas às vezes gosto de saborear um bacalhauzinho. Aqui vai a receita: Ingredientes 2 postas de bacalhau Brócolos Couve-flor Alho a gosto Azeite a gosto Sal q.b. Colocam-se os legumes no fundo da Lékué se tempera-se com azeite e sal. Vai ao microondas por 5 minutos e com uma potência de 750 W. Retira-se o recipiente do microondas (com cuidado para...

Arroz na Lékué

Olá! Em Dezembro passado comprei mais um utensílio da Lékué: o Rice&Grain Cooker. Hoje, para acompanhar um caril de camarão , fiz um arroz basmati na Rice&Grain Cooker da Lékué. Até agora só experimentei o arroz, ainda não tentei com cereais. O arroz sai muito bem, recomendo. Segui as instruções da marca: Ingredientes (para 2 pessoas): 120 g de arroz basmati 300 ml de água Colocar a água e o arroz no recipiente Rice&Grain Cooker. Levar ao microondas durante 11 minutos numa potência de 750 W (a Lékué recomenda 800 W, mas o meu microondas só vai até 750 W). Depois, esperar 3 minutos para o arroz secar por completo. Soltar o arroz com um garfo e está pronto a servir. Se quiserem podem acrescentar sal na água, antes de meter no microondas. Como era para servir o arroz com o caril de camarão, não usei sal na confecção do arroz. Adorei! Fiquem bem e até breve! CC