Olá!
Quarto ano. Nem acredito que, com todos os baixos que tem havido (sim, porque altos são tão poucos que nem entram na estatística cá de casa...), o meu rapazinho começou o quarto ano.
O ano lectivo ainda mal tinha começado, quando recebemos um telefonema da psiquiatra a perguntar se estaríamos interessados numa nova terapia: Bio-Feedback Training. Mas que nome pomposo, não é verdade? Bio quê!? Agora as terapias também são Bio!? Fomos à psiquiatria ver o que era esta coisa que dizem que tem tido muito bons resultados com crianças com défice de atenção. Faria parte de um estudo/projecto (ou seja, meu filho = cobaia), mas começava já, senão ficava em lista de espera.
Mas, afinal, o que é isto?
Para começar, colaram uns poucos de eléctrodos na cabeça e nos ombros do menino. Sentaram-no em frente de um monitor e puseram uma imagem no ecrã. A imagem tinha uma linha horizontal a dividir o monitor ao meio. No centro havia um objecto (ele podia escolher entre um peixinho, um sol, uma lua...) e num canto ( não me lembro mais em que canto era) uma seta. Esta seta ora apontava para cima, ora para baixo. A finalidade era o meu filho concentrar-se e, através dos eléctrodos ( e dos estímulos eléctricos do seu cérebro) fazer com que o peixinho ( ou a lua, ou o sol...) passassem para cima da linha horizontal quando a seta apontava para cima e que esse mesmo peixinho andasse abaixo da linha horizontal quando a seta apontasse para baixo. Era então feito um registo automático da concordância entre o sentido da seta e a posição do peixinho, relativamente à linha horizontal. No final de cada sessão, eles analisavam os resultados e ficávamos a saber qual a percentagem de concentração. Se o teste fosse muito mau, voltava ao início.... Já estão a ver o filme, com o meu filhote, voltávamos muitas vezes ao início. O que deveria demorar 1 hora, demorava a maior parte das vezes 2 horas.... O miúdo a desesperar lá dentro e eu na sala de espera.... E, para que o meu desespero ainda fosse um bocadinho maior, 2 vezes por semana!!!
Ao fim de 2 semanas, o meu filho já nem queria ouvir falar nesta coisa. Chorava quando acordava de manhã e se lembrava que era dia de ir para lá. Um stress....
Rapidamente, o menino aprendeu que se movesse um ombro ou a cabeça para um determinado lado, o peixinho deslocava-se num sentido e, quando se movesse para o outro lado, o peixinho deslocava-se no outro sentido (e, na escola, ainda diziam que ele era burro). Nem sequer precisava de pensar! Fino!
Quando chegou à sessão 14, eu falei com as terapeutas e disse que íamos desistir. Eu já não aguentava mais. Para o levar para lá era um problema e, depois de lá estar, havia um problema ainda maior: fazê-lo entrar na sala. Para cativar a criança, elas resolveram dar-lhe um vale de 10€ para o Toys'r'us. E se ele fizesse as outras 14 sessões, receberia outro no final. Nem imaginam a resposta do miúdo!
"10€??? Só 10€??? A minha mãe e eu discutimos sempre, ela zanga-se comigo, eu choro, fico triste, às vezes sou castigado porque fujo daqui e vocês só me dão 10€??? Nem que fossem 100€!!!"
Eu fiquei tão envergonhada.... Mas, ao mesmo tempo, não consegui conter-me e escangalhei-me a rir. A sério. Não aguentei e desfiz-me com o riso. As terapeutas ficaram sem jeito e acabaram por concordar. Não podíamos continuar a tentar resolver um problema e a criar outro, ao mesmo tempo. Bom, mais uma terapia que ficou pelo caminho.
"10€??? Só 10€??? A minha mãe e eu discutimos sempre, ela zanga-se comigo, eu choro, fico triste, às vezes sou castigado porque fujo daqui e vocês só me dão 10€??? Nem que fossem 100€!!!"
Eu fiquei tão envergonhada.... Mas, ao mesmo tempo, não consegui conter-me e escangalhei-me a rir. A sério. Não aguentei e desfiz-me com o riso. As terapeutas ficaram sem jeito e acabaram por concordar. Não podíamos continuar a tentar resolver um problema e a criar outro, ao mesmo tempo. Bom, mais uma terapia que ficou pelo caminho.
Mas o sossego durou pouco tempo. A terapia para a dislexia começou. Azar! Além de ser uma terapia, que por si só já é um grande problema, o meu filho tinha de ler e escrever. Um autêntico pesadelo! E, como se não bastasse, ainda tinha trabalhos para casa: ler e escrever. Estão a imaginar a coisa? Não, ninguém consegue imaginar. Vocês podem pensar que podem imaginar, mas eu garanto-vos que não conseguem. Como era o estado alemão a pagar a terapia (40 sessões) não havia jeito de desistir, porque, se um dia precisássemos de ajuda, eles nunca mais estariam do nosso lado.
Aguentar, era a palavra de ordem. Eu é que já estava a dar as últimas. Tantos problemas, tanto stress e sem tempo nenhum para nada. Nem para mim. Às vezes, só me apetecia fechar os olhos e acordar quando tudo estivesse resolvido.
Mas, onde há espinhos também há rosas, não é verdade?
Aqui fica uma fotografia de um sítio maravilhoso: Hexentanzplatz. Fica na montanha de Harz. Nós adoramos lá ir, quer seja verão ou inverno. Com sol ou com neve, tem umas vistas lindíssimas.
Vista de Hexentanzplatz (na montanha de Harz) |
Fiquem bem e até breve!
CC
Comentários
Enviar um comentário